Evidências recentes reforçam o potencial terapêutico do canabidiol em epilepsias infantis graves e o papel essencial do acompanhamento médico

Para muitas famílias, conviver com uma criança que sofre crises convulsivas intensas é um desafio diário. Quando os remédios tradicionais não funcionam, surge a pergunta: será que o canabidiol (CBD) pode ajudar?

Nos últimos anos, estudos científicos têm mostrado resultados promissores. Em casos de epilepsias graves e resistentes, como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut, e também em quadros ligados à esclerose tuberosa, o CBD tem reduzido a frequência e a intensidade das crises, melhorando a qualidade de vida das crianças e suas famílias.

Uma meta-análise publicada em 2023 na Experimental Neurology confirmou o benefício e a segurança do CBD como tratamento complementar. No Brasil, um ensaio clínico conduzido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), publicado em 2024 na Trends in Psychiatry and Psychotherapy, avaliou o uso de extrato rico em CBD em 60 crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e observou melhora na interação social, ansiedade e comportamento, com efeitos adversos leves em menos de 10% dos casos — um avanço importante para a ciência nacional.

Essas evidências levaram a OMS, FDA e Anvisa a reconhecerem que o CBD pode ser uma opção terapêutica segura e válida, desde que com prescrição e acompanhamento médico, conforme determina a RDC nº 327/2019.

Mito 1 – “O CBD é uma droga e causa dependência”

O canabidiol é um composto não psicoativo da Cannabis sativanão provoca dependência. De acordo com a OMS (2018) e estudos de revisão mais recentes (JAMA Network Open, 2023), o CBD apresenta bom perfil de tolerabilidadebaixa incidência de eventos adversos, geralmente leves e reversíveis.

O Dr. Felipe Nascimento, médico parceiro da Click Cannabis, explica que “o CBD não altera a consciência nem o comportamento. Quando indicado com critério correto e acompanhado de perto, pode representar uma alternativa segura em quadros graves, como as epilepsias refratárias”. Segundo ele, o essencial é garantir a supervisão médica e a procedência do produto, com controle laboratorial e registro adequado.

Mito 2 – “Qualquer tipo de CBD pode ser usado em crianças”

Nem todo produto de CBD é igual. Apenas formulações aprovadas pela Anvisa e com controle de pureza devem ser utilizadas. Produtos irregulares podem conter THC em níveis altos, solventes ou metais pesados, representando risco à saúde infantil.

“A procedência e a transparência são fundamentais. Não é um suplemento natural qualquer, é um composto terapêutico que exige padrão farmacêutico e acompanhamento profissional”, reforça o Dr. Felipe.

Mito 3 –  “O CBD cura várias doenças”

O canabidiol não é uma cura. É um tratamento adjuvante com eficácia comprovada em epilepsias refratárias como Lennox Gastaut e Dravet, mas outras aplicações, como: autismo, ansiedade e distúrbios do sono, porém, ainda estão em estudo.
Os resultados preliminares são animadores, mas a comunidade científica reforça: é preciso mais evidência clínica antes de expandir as indicações..

Mito 4 – “Por ser natural, o CBD não tem efeitos colaterais”

O CBD é bem tolerado, mas pode causar sonolência, perda de apetite e diarreia, principalmente em doses elevadas ou combinado com outros medicamentos. Estudos mostram também possíveis alterações em enzimas hepáticas (ALT/AST), o que reforça a importância do monitoramento médico durante o tratamento.

Uma alternativa com respaldo científico e responsabilidade

A combinação de pesquisa clínica robusta e regulação sanitária transformou o CBD em uma opção terapêutica legítima e segura, quando usada com responsabilidade. Famílias com crianças diagnosticadas com epilepsias refratárias relatam melhoras expressivas na qualidade de vida, redução das crises e maior estabilidade emocional.

Para João Drummond, COO da Click Cannabis, ainda há muito caminho a percorrer quando o assunto é cannabis medicinal na infância, mas o avanço da ciência e o acesso à informação vêm mudando esse cenário. “Nosso papel é levar informação qualificada e mostrar que existe um caminho ético, regulamentado e baseado em evidência para o uso responsável do CBD”, afirma.