Custo humano e social do transtorno não diagnosticado impacta carreiras, relacionamentos e a saúde mental de uma geração

Imagine viver com um “motor potente, mas sem freios ou direção clara”. Essa é a realidade de milhões de adultos que, sem saber, convivem com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não diagnosticado desde a infância. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que 5,2% da população adulta entre 18 e 44 anos, cerca de 4 milhões de brasileiros, apresente sintomas desse transtorno, mas ainda sem diagnóstico.

Longe de ser uma condição exclusivamente infantil, o TDAH em adultos é um desafio silencioso que, em pleno Mês de Conscientização, o grupo ViV Saúde Mental e Emocional e sua especialista, Dra. Nathalia Martho Ferrari, trazem à luz com urgência e profundidade.

“O TDAH em adultos é um fantasma que assombra a vida de muitos, manifestando-se como ansiedade crônica, frustração profissional, instabilidade emocional e uma constante sensação de inadequação. Muitos chegam aos nossos consultórios com anos de sofrimento, sem nunca terem compreendido a raiz de suas dificuldades”, afirma a Dra. Nathalia Martho Ferrari, psiquiatra do grupo ViV Saúde Mental e Emocional.

Prevalência subestimada

Enquanto a imagem do TDAH frequentemente remete a crianças hiperativas, a realidade é que o transtorno persiste em cerca de 60% a 70% dos casos na vida adulta. 

“A falta de reconhecimento na infância é um dos maiores entraves. Os sintomas em adultos podem ser mais sutis ou mascarados por estratégias de coping desenvolvidas ao longo da vida, ou ainda confundidos com outras condições como ansiedade, depressão ou transtorno bipolar”, explica a Dra. Ferrari. 

“Isso gera um ciclo vicioso de autocrítica e sofrimento, em que o indivíduo se sente ‘quebrado’ ou ‘incapaz’, sem entender que há uma condição neurobiológica por trás”, complementa.

Produtividade e carreira em xeque

No ambiente profissional, o TDAH não diagnosticado é um verdadeiro sabotador de potenciais. Dificuldades em manter o foco, organizar tarefas, gerenciar o tempo e controlar impulsos podem levar a um desempenho inconsistente, mudanças frequentes de emprego e estagnação na carreira.

“Não se trata de falta de inteligência ou esforço. Adultos com TDAH frequentemente possuem grande criatividade e capacidade de hiperfoco em áreas de interesse, mas as funções executivas, como planejamento, memória de trabalho e autorregulação são desafiadas”, pontua a psiquiatra. 

Pesquisas publicadas em periódicos como o Journal of Attention Disorders indicam que o TDAH não tratado pode gerar custos significativos para a sociedade, incluindo menor produtividade, maior rotatividade de pessoal e aumento do uso de serviços de saúde. “Muitos de nossos pacientes relatam a dor de ver colegas progredirem enquanto eles se sentem ‘patinando’, sem entender o porquê”, complementa a Dra. Ferrari.

Desafio nas relações

Os impactos do TDAH se estendem profundamente às relações interpessoais e à autoestima. A impulsividade pode levar a comentários inadequados ou decisões precipitadas, enquanto a desatenção pode ser interpretada como desinteresse. A dificuldade em gerenciar emoções e a procrastinação podem gerar conflitos e frustrações em amizades, parcerias românticas e relações familiares.

“A vida social e afetiva de quem tem TDAH não diagnosticado é um campo minado. A pessoa pode ser vista como ‘irresponsável’, ‘esquecida’ ou ‘imatura’, o que corrói a autoestima e leva a sentimentos de isolamento e inadequação”, revela a Dra. Ferrari. 

“É comum que esses adultos desenvolvam um histórico de relacionamentos turbulentos e uma profunda sensação de não pertencimento, alimentando um ciclo de ansiedade e depressão secundárias”, explica.

A jornada para o reconhecimento

A boa notícia é que o diagnóstico e o tratamento adequados podem ser transformadores. O processo envolve uma avaliação psiquiátrica detalhada, que considera o histórico de vida do paciente desde a infância. 

Segundo a especialista, o tratamento pode incluir medicação, terapia cognitivo-comportamental (TCC) e estratégias de organização.

“O momento do diagnóstico é, para muitos, um divisor de águas. É quando a pessoa finalmente entende que não é ‘defeituosa’, mas que possui uma condição tratável. É um alívio imenso e o primeiro passo para uma vida com mais controle e realização”, enfatiza a Dra. Nathalia. 

Ela detalha que, com o suporte correto, adultos com TDAH podem não apenas gerenciar seus sintomas, mas também florescer, utilizando suas características únicas como criatividade e energia a seu favor.

 

Sobre a ViV Saúde Mental e Emocional

A ViV Saúde Mental e Emocional é o maior grupo de saúde mental do Brasil e oferece tratamento da baixa à alta complexidade, com cuidados personalizados e o propósito de melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. 

Presente em seis estados do País e no Distrito Federal (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo e São Paulo), com treze instituições e mais de trinta unidades de atendimento com credenciamento de diversos convênios de saúde, a missão da ViV é elevar a vida ao seu melhor e integrar os lados físico, mental e social de cada paciente, com uma abordagem baseada no equilíbrio entre o científico e a sensibilidade humana.

Busca ser reconhecida como uma rede de excelência assistencial para saúde mental e emocional, contribuindo para redução do estigma no Brasil.