O Brasil registrou mais de 80 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes em 2023, segundo dados do Disque 100, canal oficial do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Cerca de 60% dessas denúncias estão relacionadas a abuso ou exploração sexual, e, em 70% dos casos, o agressor é alguém próximo da vítima.
Diante dessa realidade alarmante, o Maio Laranja surge como uma campanha nacional de conscientização, prevenção e combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. A mobilização acontece todos os anos em referência ao 18 de maio, data que marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
A escolha da data não é por acaso. Ela remonta a um crime que chocou o país em 1973, quando Araceli Cabrera Sanches Crespo, uma menina de apenas 8 anos, foi sequestrada, violentada e assassinada no Espírito Santo. O caso nunca foi completamente solucionado, e até hoje simboliza a luta pela proteção da infância no Brasil.
“Proteger nossas crianças é um ato de amor e de justiça. Precisamos falar sobre isso, romper o silêncio e criar redes de proteção.”, alerta o psicanalista clínico Fábio de Araujo, que atua diretamente na promoção da saúde mental e na orientação de famílias sobre o tema.
Os impactos do abuso na infância: feridas emocionais e neurológicas
Os números não são apenas estatísticas: são histórias de infâncias interrompidas. As consequências do abuso sexual vão muito além do trauma psicológico momentâneo. Estudos apontam que a violência na infância pode provocar alterações profundas no desenvolvimento emocional, psíquico e até neurológico.
De acordo com pesquisas de Teicher & Samson (2016) e Bruce Perry (2017), entre outras instituições como UNICEF e o próprio Ministério dos Direitos Humanos, o abuso sexual pode causar:
– Impactos psíquicos:
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
- Ansiedade e depressão severas
- Automutilação
- Baixa autoestima
- Dificuldades nos relacionamentos e no desenvolvimento social
– Impactos neurológicos:
- Hiperatividade da amígdala, responsável pela resposta ao medo (gerando estado constante de alerta)
- Atrofia do hipocampo, comprometendo memória e aprendizado
- Danos no córtex pré-frontal, afetando controle emocional e capacidade de tomada de decisões
- Alterações no eixo HPA, sistema responsável pela regulação do estresse
Como identificar sinais e proteger crianças e adolescentes
O psicanalista Fábio de Araujo reforça que a prevenção começa dentro de casa, com diálogo, escuta ativa e informação. Ele destaca que é fundamental que pais, responsáveis, professores e toda a comunidade estejam atentos a mudanças no comportamento das crianças.
– Sinais de alerta incluem:
- Mudanças bruscas de humor ou comportamento
- Isolamento social
- Agressividade incomum
- Medo repentino de ficar sozinho com determinada pessoa
- Distúrbios no sono ou pesadelos frequentes
- Dificuldades escolares sem causa aparente
- Sexualização precoce em falas, gestos ou brincadeiras
- Queixas físicas recorrentes (dores de cabeça, estômago ou genitais, sem causa médica identificada)
– O que fazer:
- Converse sobre limites do corpo e direito à privacidade desde a infância
- Escute a criança sem julgamento, com acolhimento e seriedade
- Caso perceba sinais ou receba uma revelação, não confronte o possível agressor diretamente.
- Denuncie imediatamente pelo Disque 100, no Conselho Tutelar da sua cidade ou em qualquer delegacia.
“Quando uma criança fala, ela não mente sobre esse tipo de assunto. Nosso papel é ouvir, proteger e agir. O silêncio também machuca.”, reforça Fábio de Araujo.
Maio Laranja: um compromisso coletivo pela infância
Mais do que uma campanha, o Maio Laranja é um chamado à responsabilidade coletiva. A sociedade inteira — famílias, escolas, instituições, empresas e governos — precisa estar engajada na construção de uma cultura de proteção à infância.
“Falar sobre abuso não é fácil, mas é necessário. O silêncio protege o agressor, não a vítima. Proteger a infância é um ato de amor e de justiça.”, conclui Fábio.
Sobre Fábio de Araujo
Psicanalista clínico e especialista em psicotraumatologia, Fábio de Araujo acumula mais de 9 anos de experiência no atendimento e tratamento de traumas psicológicos. Sua atuação é marcada pelo compromisso de ajudar pessoas a superarem as consequências profundas dos mais variados tipos de traumas, promovendo uma recuperação integral que envolve tanto a saúde mental quanto a física.
Com formação multidisciplinar, Fábio é pós-graduado em Intervenção ABA aplicada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) e possui licenciaturas em Pedagogia e História, o que reforça seu olhar amplo e humanizado sobre os processos terapêuticos.
Para acompanhar seu trabalho e acessar mais conteúdos, siga Fábio de Araújo no Instagram: @psicanalistafabioaraujo .
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